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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mensagem de uma Mãe

Já visitei o Cemitério de Recoleta por duas vezes durante esta estadia em Buenos Aires. É um cemitério diferente do que estamos acostumados. Os mausoléus são verdadeiras obras arquitetônicas, e nenhuma é igual a outra. São utilizados os mais variados tipos de mármores e granitos. Mas o que nos causa espanto é conseguirmos ver os caixões dentro dos mausoléus. Isso mesmo, dá pra ver, eles não são enterrado, são apenas colocados lá dentro.
Em um dos mausoléus havia uma placa de metal com um poema. Era um poema da mãe de um jovem Tenente que havia morrido. Resolvi transcrever o poema, emocionante...

¡Quien como yo sentirá el dolor
Quem, como eu, irá sentir a dor
Si eras de mi carne un pedazo en flor
Se era um pedaço da minha carne transformado em flor
Si eras calco exacto de mi corazón
Se era cópia exata do meu coração
Pedacito mío que iluminó Dios
Um pedacinho de mim que Deus iluminou

Con tu muerte hijo, empezó en mi vida
Com a tua morte, filho, começou em minha vida
Un proceso raro de reencarnación
Um processo diferente de reencarnação
Porque ahora si que te llevo dentro
Porque agora sim que te carrego dentro de mim
Carne de mi carne que forjó el amor!
Carne da minha carne que inventou o amor!

Yo no lloro hijo, porque tú te has ido...
Não choro, filho, porque você se foi…
De mi lado en viaje de superación...
Do meu lado, numa viagem de superação…
Lloro por la pena que tú habrás sentido
Choro pelo sofrimento que deve ter sentido
Al dejar la vida que te dió el señor
Ao deixar a vida que o Senhor te deu

Tú no has muerto hijo, más que nunca hoy vives
Você não está morto, filho, mais que nunca hoje está vivo
En mi extraña herida por un gran dolor…
Na minha estranha ferida causada por uma grande dor
Dolor de las madres, dolor de una vida
Dor das mães, dor de uma vida
Que al nacer un hijo se convierte en flor.
Que, ao nascer um filho, se converte em flor.

Soy yo la que ha muerto aunque siga viva
Sou eu que morri, mesmo que continue viva
Soy yo la que tengo muerto el corazón
Sou eu que tenho o coração morto
Un buitre en mi pecho desangra mi herida
Um abutre em meu peito suga o sangue de minha ferida
Y solo hay en mi alma, angustia y dolor.
E só tenho, em minha alma, angústia e dor
Tu madre!
Sua mãe!


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A vida como um filme

Depois que assisti ao filme Comer, Rezar, Amar, percebi que minha vida também estava se organizando em etapas como as realizadas por Julia Roberts. No ano passado, já sem o peso (financeiro e intelectual) da faculdade pude aproveitar melhor e mais os momentos livres. O COMER, na minha história, tem um sentido mais amplo, tem um sentido de aproveitar, e aproveitar acima de tudo a mim mesmo. Acredito que o verbo inglês TO ENJOY reflita melhor o que foi essa fase. Gastei mais dinheiro comigo mesmo, comprei roupas que queria, comi nos lugares que tive vontade, fui às festas que achei que seriam divertidas, fiz surpresas insanas, dei presentes, flores, lembranças... enfim, fiz aquilo que ME deixava feliz, e era isso que importava. Eu estava curtindo by myself, apesar de o destino tentar mudar as coisas de vez em quando. Não seria a hora... não era a hora... não foi a hora... Por que eu sabia que outra fase viria, o REZAR.
Para mim, o significado também seria outro, tão introspectivo e pessoal quanto rezar, ESTUDAR. Escolhi estudar outro idioma em outro país, viver a cultura local e mergulhar num mar de novos conhecimentos. Destino escolhido: Buenos Aires, a capital da nossa vizinha Argentina. Por uma questão geográfica, financeira e prática. Já tinha referências do local, o câmbio favorecia, nem tão longe do bom e velho Brasil, facilidades que me conquistaram. Chegar a um país desconhecido, no qual você tem pouco conhecimento do idioma é assustador. Felizmente não cheguei sozinho. Consegui a companhia de uma amiga e que foi fundamental nessa parte do plano, eu tinha com quem conversar, com quem rir dos micos que pagamos, com quem almoçar, com quem jantar, enfim, um apoio. Essa primeira semana foi de transição, estudava pelas manhãs, mas a tarde e a noite o lado turista falava mais alto. Conhecemos os principais pontos turísticos, as principais avenidas e ruas, os bairros os restaurantes, shows, teatro. Agora, já sozinho aqui, me debruço sobre a mesa e estudo gramática espanhola por algumas horas. Assistir TV é, acima de tudo, um exercício de muita concentração para entender o que estão falando, pensando o tempo todo pra compreender, e isso cansa... Mas logo as semanas vão passando, o ouvido vai se apurando, o cérebro vai aprendendo e isso passa... passa... porque ainda tem outra fase para chegar...o AMAR.